Elencada entre as leituras obrigatórias para aqueles que desejam ingressar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), “Antes de nascer o mundo” foi adotada pelo Colégio Notre Dame Ipanema como livro paradidático. Por isso, o seu autor, o aclamado Mia Couto, visitou a instituição de ensino, onde participou de um bate papo com os estudantes.

Mediada pela docente de Língua Portuguesa, Vivian Pereira, a conversa – assistida também por educandos do Colégio Notre Dame Recreio – foi norteada por questões levantadas, previamente, pelos próprios adolescentes. Por isso, o moçambicano versou sobre o ofício literário e seu processo criativo. “Ser escritor é uma escolha. Todos têm histórias para contar e a inspiração é estar, na vida,  atento ao outro”, afirmou. “Quando sento para escrever, não tenho a menor ideia do que vai acontecer. É a história que se revela para mim”, prosseguiu.

Além disso,  refletiu sobre o uso de neologismos que o caracteriza, defendendo tratar-se de uma habilidade natural às crianças, que acaba se perdendo por não ser estimulada e valorizada.

Mia, que também é biólogo e jornalista, ainda esclareceu curiosidades sobre a sua vida pessoal, como aquela a respeito da origem do seu nome artístico. “Minha mãe alimentava gatos de rua e eu adorava ficar entre eles, vivia cercado por uns 40 deles. Um dia, disse que queria que me chamassem de Mia, porque me sentia um deles e, desde então, é como me chamo. Quando falam Antonio eu nem sei quem é”, brincou.

Por fim, aconselhou a encantada plateia a valorizar as conexões tangíveis. “Precisamos encontrar o outro, trocar olhares – que não podem ser substituídos por likes”, concluiu.