Dois estudantes do Colégio Notre Dame Ipanema foram classificados entre os 5 primeiros colocados no XX Concurso Nacional de Redação Mundo e História & Cultura. João Pedro Santos Leite e Luisa Marques Fleuiss ocuparam, respectivamente, o 2º e o 5° lugar na competição.
Em meio às 186 redações pré-classificadas, as de Pedro e Luiza estão entre as 3 redigidas por cariocas classificadas na 20ª edição da competição promovida pelo Jornal Mundo. O periódico, que aborda temas atuais de Geopolítica, História, Economia e Cultura, é utilizado como material didático em instituições de ensino país afora.
Segundo a professora de Redação, Marilene Tinoco, o tema sugerido pela organização do concurso, “Inteligência Artificial”, possibilitou um vasto e bom desenvolvimento das redações.
Leia abaixo as redações dos vencedores do Colégio Notre Dame:
Redação de Luisa Marques Fleuiss – 5º lugar.
Futurismo Artificial
“Os estudos realizados por diversas civilizações, ao longo do tempo, interferiu significantemente para a mudança no curso da humanidade. A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Europa, foi a grande contribuinte para a transformação dos métodos de produção e, consequentemente, para a introdução das máquinas no processo produtivo. O avanço científico através de grandes feitos, como a chegada do homem à Lua, possibilitou um certo controle sobre o Universo e uma busca por tecnologias que pudessem decifrar o mundo.
O primeiro movimento de contato entre o dedo indicador e o polegar, realizado pelos primatas, proporcionou a formação de uma “pinça”, o primeiro instrumento utilizado na Idade Primitiva. Desde então, o improvável foi se tornando possível e surpreendendo a todos por desafiar a natureza humana.
O progresso tecnológico viabilizou a substituição dos bens materiais (ou não) por outros mais práticos e eficazes. Mas e o raciocínio e a capacidade de comunicação/interpretação? Onde eles se encaixam? Os cientistas afirmam possuir teorias concernentes à conhecida “inteligência artificial”, a arte de criar máquinas que efetuem funções que necessitam da inteligência humana, estabelecendo uma relação entre o cérebro e os pensamentos e sentimentos. É a futura revolução das máquinas pensantes.
A tentativa de imitar a inteligência humana gera uma certa discordância entre a fé e a ciência. Segundo o Cristianismo, os seres humanos são criados à semelhança de Deus, isto é, são seres espirituais, afetivos e sociais. Ao mesmo tempo, os cientistas dizem que diversos aspectos podem ser programados, admitindo que a liberdade de escolha, pode ser incluída através de técnicas deterministas. Porém, alguns críticos supõem que toda e qualquer forma de entendimento humano, assim como o dinamismo espiritual, está muito além do que o computador pode simular.
O físico britânico, Stephen Hawking, diz que o desenvolvimento da inteligência artificial pode significar o fim da existência humana. O cientista, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), possui uma visão negativa sobre as máquinas pensantes: ele teme que elas sejam superiores aos humanos. Segundo ele, o ritmo crescente das maquinas teria um fator predominante na competição contra o homem, cuja evolução seria lenta, e talvez, limitada. Seria, portanto, o fim definitivo do antropocentrismo. Contraditoriamente, Hawking utiliza um sistema computadorizado para se comunicar por meio de uma voz robotizada que externaliza seus pensamentos, o que representa um princípio básico da inteligência artificial.
Esse modelo futurista poderá melhorar a qualidade de vida dos seres e preservar sua existência na Terra através da solução para a cura contra o câncer e a regulagem do clima, respectivamente. Entretanto, as redes interligadas para o pleno exercício da vida artificial, via internet, seriam um centro para ameaças criminosas e terroristas, o que prejudicaria a liberdade e privacidade dos usuários. Além disso, a agilidade na produção, o baixo índice de falhas e a ausência de benefícios concedidos às máquinas, contribuiriam para que estas substituíssem o homem em várias profissões. Desse modo, a empregabilidade sofreria uma decréscimo histórico devido aos novos concorrentes, os robôs.
Diante disso, tudo indica que o homem não sucumbirá aos futuros residentes do planeta, uma vez que estes dependem de sua existência para funcionar de maneira integral. Assim, uma ameaça robótica, como a presente no filme “Eu, Robô”, de Alex Proyas, será muito pouco provável, embora seja possível o desenvolvimento de algo inimaginável para a raça humana diante do processo de evolução.”
Redação de João Pedro Santos Leite – 2º lugar.
A prole do cativado
“As criações cativam os criadores. Essa hipótese vai do reino das conjecturas ao das constatações, impulsionada por uma série de processos empíricos: o olhar marejado de um pai perante o nascimento de seu filho, o orgulho de um mestre com o sucesso de seu pupilo, a euforia do inventor ao engendrar uma máquina.
Ao inventar, o homem atravessa a barreira temporal imposta pela morte e se perpetua no porvir. Assim, seguindo seu instinto mais primordial, o indivíduo descobriu o prazer de criar. O fenômeno da criação alastrou-se com o auxílio de ilustres intelectos como Graham Bell e Thomas Edison. Esses e outros serviram de catalisadores ao advento das chamadas Revoluções Industriais.
Mais de dois séculos se passaram desde a Primeira Revolução Industrial e, desde então, o mundo pode observar uma crescente dependência dos homens em relação às máquinas. Elas estão presentes na rotina da raça humana seja nos campos ou nas urbes, carregas para lá e acolá em bolsos e bolsas, desempenhando tarefas banais ou funções complexas, ligando culturas e pessoas outrora incomunicáveis. Por fim, a vida em sociedade orbita em torno do maquinário contemporâneo. Surge, então, uma nova problemática: quem está no comando? O criador ou a criatura?
Ora, há quem diga, pouco importa! Afinal, mesmo que fôssemos submetidos às máquinas, as mesmas não possuem ímpetos ou vontades. De fato, essa é a realidade. Porém até quando será possível caracterizá-las de tal maneira? A inteligência artificial como reprodução do intelecto humano (capaz de sentir e urdir) não é um conceito inédito. Na verdade, essa hipótese povoa o imaginário coletivo da humanidade há centenas de anos.
Prova clara da recorrência dessa temática é a indústria cinematográfica, que produziu obras como “Um homem Bicentenário”, “A Inteligência Artificial” e “Ela”, a última dessas apresentando um futuro assustadoramente coerente com a realidade, em que um homem se apaixona por um sistema operacional.
Se as profecias da sétima arte estiverem corretas, a humanidade está diante de um evento inteiramente novo na história. Abolir-se-ia a relação de servidão mecânica entre homens e máquinas, e as diferenças seriam meramente fisiológicas. Ao criar algo capaz de sentir e pensar, o homem se olharia no espelho e não mais perguntaria: o que é Deus?”