“Pais Superprotetores, Filhos Bananas”: apenas o título do best seller já é capaz de aguçar a curiosidade de quem encontra seus exemplares nas prateleiras das livrarias. Originalmente intitulado “The gift of failure” – em livre tradução, “O dom da falha” -, o livro, escrito pela nova-iorquina Jessica Lahey, aborda, de maneira crítica, o dever familiar de aprender a deixar que os filhos tenham a experiência da frustração, ao longo dos anos escolares.
Por isso, a obra motivou um dos encontros do Projeto de Formação de Pais, promovidos periodicamente pelo Colégio Notre Dame Ipanema. Realizado na quinta-feira (07), o evento reuniu mais de cem pais e responsáveis pelos estudantes matriculados da Educação infantil ao 5º Ano do Ensino Fundamental. Recepcionados com café da manhã e dinâmica corporal, os participantes debateram os temas centrais da obra, como a influência da superproteção dos pais na dependência dos filhos, a capacidade de compreender a importância dos erros cometidos pelas crianças e o valor dos limites impostos pela família para o desenvolvimento infantil, sob orientação da psicopedagoga escolar, Rejane Gallo.
Para a palestrante, os pais precisam impor limites às crianças sem comprometer a autoestima delas, o que traz benefícios sociais e pessoais para os estudantes. “O desenvolvimento pleno faz parte da alegria de viver das crianças, o que possibilita também que explorem novas experiências. Além disso, o aprendizado na escola é ampliado, pois os pequenos não ficam inseguros em demonstrar dúvidas”, afirma Rejane. A profissional explicou, também, que crianças mais seguras conseguem lidar melhor com as frustrações e permitem-se ser mais criativas, já que não se prendem a modelos. “A consequência dessas ações cotidianas são adolescentes e adultos mais independentes”, conclui.
O evento também contou com a participação efetiva de pais, que deram seus depoimentos e questionaram a palestrante e as coordenadoras da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, que também prestigiavam o encontro.
Ao ser perguntada sobre as cobranças quanto ao esforço dos estudantes na vida escolar, a coordenadora pedagógica da Educação Infantil, Ângela Parrilha, explicou aos presentes que, mesmo quando os esforços não atingem o êxito, eles devem ser comemorados pelos pais. Assim, as crianças não se sentem incapazes de realizar as tarefas. “O exemplo claro é quando a criança começa a escrever. Muitas vezes, ela esquece alguma letra, mas está se esforçando para conseguir o feito, que demanda habilidade motora. Logo, os pais devem reconhecer o esforço do filho e incentivar a leitura para ampliação vocabulário, e, consequentemente, da habilidade de escrita”, comenta.
Afinal, segundo a coordenadora pedagógica dos anos iniciais do Ensino Fundamental, Vanessa Monteiro, compartilhar experiências é tão importante quanto o conteúdo. “Ir além das disciplinas é fundamental. O aprendizado com a socialização, a convivência em grupo e, até mesmo, a partilha de brinquedos contribui para a formação de pessoas mais conscientes acerca do seu papel na sociedade”, afirma.
Ao final do evento, alguns pais foram atendidos pela psicopedagoga e pelas coordenadoras. Neles, teceram elogios aos eventos que, cada vez mais, recebem a adesão e a presença dos responsáveis por educandos. Sugestões de temas também foram recebidas pela organização, o que promete novas edições dos Encontros de Formação de Pais Notre Dame, que são abertos ao público e realizados periodicamente, com o intuito de atualizar, informar e partilhar com os responsáveis conteúdos pertinentes à educação de seus filhos, incentivando, dessa forma, a interação entre a escola, a família e a comunidade.