Uma palavra existente somente na Língua Portuguesa, mas um sentimento característico a qualquer pessoa: assim é a saudade.
Expressa por meio de uma caixa, confeccionada pelos educandos matriculados no 6º Ano do Ensino Fundamental, ela vem arrancando suspiros e lágrimas de muitos colaboradores e educadores do Colégio Notre Dame Ipanema. Isso porque as emoções tão sinceras e singelas, armazenadas na embalagem, estão expostas à comunidade educativa, nos corredores do 4º andar da instituição de ensino.
O desafio de produzir uma “Caixa da Saudade” foi proposto aos estudantes pela docente de Artes, Monica Bezerra, com o intuito de inspirá-los a expressar seus sentimentos. “A provocação funcionou! Eles deram conta do recado de forma surpreendente”, avaliou a educadora.
A atividade, que integra a provocação do artista e o envolvimento do espectador – características marcantes da arte contemporânea -, foi inspirada pelo poema “Caixa”, de Roseana Murray. O texto serviu como ponta-pé inicial para que as inspirações, envolvendo as saudades sentidas, viessem à tona, antes que as crianças colocassem a mão na massa.
A educanda Laís Ravasco, por exemplo, expressou a falta que sente de seu gato. “Descrevi em corações, que confeccionei junto com minha mãe, todas as características dele, que era um dos meus maiores companheiros”, conta.
E a sua Caixa da Saudade, como seria? Teria cheiro de bolo recém saído do forno? Teria o barulho de uma chuva caindo no telhado de zinco? Teria um latido especial? Teria um abraço apertado?
Conheça o poema de Roseana Murray:
Caixa
Carregamos pela vida afora
os cheiros dos encontros raros,
dos acontecimentos,
da nossa primeira casa,
do quintal, se houve quintal,
da mãe na cozinha,
dos sonhos quanto acordamos.
Se houvesse uma caisa
para guardá-los, seriam
nosso tesouro.
E então, em dias de saudade,
abriríamos nossa caixa
e mergulharíamos
como num túnel do tempo.
