21 de outubro de 2015
Notícias, Portal
A importância de se estudar períodos históricos como a II Guerra Mundial vai além do preparo para os concursos de acesso ao Ensino Superior, afinal, conhecer os fatos e os diversos pontos de vista sobre eles desenvolve o senso crítico.
Com o objetivo de proporcionar aos estudantes de 9º Ano do Ensino Fundamental a oportunidade de conhecer a perspectiva dos judeus sobre o conflito, o Colégio Notre Dame Ipanema promoveu uma aula com a professora especializada em estudos sobre o Holocausto, graduada em Direito, História e Pedagogia, Silvia Rosa Nossek Lerner.
Segundo o sociólogo polonês citado por Silvia, Zygmunt Bauman, o Holocausto é “o antagonismo mais específico gerado pelas práticas humanas de busca de identidade e estabelecimento de limites”, o que o classifica como o único massacre da história da humanidade por ódio a seguidores de uma determinada religião – o judaísmo. Durante a palestra, os estudantes puderam entender que, na época, os Judeus não fugiram da guerra pois não compreendiam a real dimensão do que estava acontecendo. Hoje, com meios de comunicação muito mais abrangentes, refugiados como os sírios, por exemplo, buscam novas oportunidades pois reconhecem aquilo que acontece em seus países.
Segundo a historiadora, ao longo dos anos, com a perseguição em massa, a comunidade judaica reunia-se em guetos, onde tentava manter normalidade cotidiana, como forma de resistência psicológica. Através de desenhos, músicas, apresentações teatrais e aulas, os judeus manifestavam sua revolta e tristeza, sempre preservando as crianças e os idosos.As atitudes de resiliência dos judeus foram detalhadas pela historiadora, algumas com exemplos concretos apresentados aos estudantes. “O que vocês acham deste livro?”, indagou a palestrante exibindo aos alunos um antigo livro de receitas judaicas. O questionamento feito por Silvia levantou suposições dos estudantes, após as quais ela esclareceu. “Ele é mais que um simples livro de receitas, foi a maneira como as mulheres que aguardavam a morte, nos campos de concentração, encontraram para ter momentos de vida comum: trocavam receitas típicas. Isso é um exemplo da resistência psicológica”, esclareceu.
Porém, ainda que pouco conhecida, entre os judeus houve também resistência armada. Segundo ela, os levantes foram pequenos, mas significativos. “Temos registros de levantes de guetos que duraram 11 dias e outros, 11 minutos. Parece pouco, mas, para aqueles que sabiam que a morte estava próxima, era a escolha de como morrer”, conclui Silvia. É disso, justamente, que trata a obra “Liberdade de escolher como morrer: resistência armada de Judeus no Holocausto”, escrita por Silvia e publicada pela editora 7 Letras.