Dando continuidade à preparação para os exames de acesso às universidades, o Notre Dame Ipanema realizou mais um aulão online ao vivo para os estudantes da 3º série do Ensino Médio. O tema do encontro foi “É preciso controle para viver em sociedade?”, baseado no livro 1984, de George Orwell, requerido para a redação da UERJ. Com caráter multidisciplinar, a aula ao vivo contou com a presença dos professores de História, Julia Espirito Santo, Sociologia, Lucas Andrade, Português e Redação, Thiago Valadares e Geografia, Fernando Almeida.
O cenário de distanciamento em que a humanidade se encontra inserida entrou na discussão sobre controle social. Tendo em vista os perigos da contaminação em massa, notou-se que se faz necessário um controle formal por parte das autoridades no sentido de preservação da vida. A pandemia também traz à tona a questão sobre direitos individuais e coletividade. Os estudantes foram convidados a refletirem sobre até que ponto o direito de ir e vir de cada indivíduo legitima a possibilidade de contaminação de outras pessoas.
O uso de tecnologia para controle social, entre outros aspectos, indicaram a atemporalidade da obra de Orwell, que mostra o aparato tecnológico como um instrumento utilizado pelo estado autoritário, retratado na trama, para controlar a população.
Alguns paradoxos que envolvem o tema foram apresentados aos estudantes como, por exemplo, o fato das grandes cidades usarem o controle, por câmeras espalhadas pelas ruas, parques e prédios públicos, para garantir a liberdade de ir e vir, protegendo os transeuntes de assaltos e outra formas de violência.
Outro ponto abordado foi a diferença entre Estado e governo. O primeiro compreende o conjunto de instituições que devem garantir o bem estar-social. Já o segundo, é mutável e seu papel é garantir que essas instituições atinjam a todos, o que nem sempre ocorre. Exercer uma vigilância sobre a população muitas vezes garante a soberania do governo.
Como todas as coisas, o controle tem lados positivos e negativos. Ele pode diminuir a incidência de crimes e garantir um mínimo de ordem social. Em contrapartida, pode impor um discurso autoritário e repressivo.
Algumas passagens do livro foram recordadas ilustrando um contexto do controle excessivo sendo utilizado como forma de confundir, a partir da dicotomia liberdade e segurança, de modo que a história se reescreve o tempo todo e já não é mais possível se saber quem é o inimigo e contra o que, exatamente, estão lutando. O papel dos meio de comunicação como fonte de informação e construção de conhecimentos, dentro do contexto da obra, também foi abordado.
Ao final do encontro, professores e estudantes construíram paralelos para o entendimento de quando o controle está funcionando para um bem comum e quando ele passa a ser excessivo, ampliando a discussão da temática e todos os aspectos que ela pode implicar.